segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Drogar crianças em idade pré-escolar - um crime contra a infância



Por Jacob Azerrad, Ph.D
tradução livre: Marise Jalowitzki
13.dezembro.2016

Desta vez, as vítimas são as  nossas crianças muito pequenas, na casa dos milhões. Hoje, para inocentes crianças a partir dos 2 anos, estão sendo prescritos medicamentos anti-psicóticos poderosos. Os efeitos colaterais incluem tiques, salivação excessiva, e incessante compulsão a comer. Algumas crianças ganharam até 100 libras ( o equivalente a 45kg!) e muitas vezes evoluem para se tornarem diabéticas.
Praticamente nada se sabe sobre o impacto a longo prazo destes medicamentos. E ninguém parece se importar. Certamente que não serão as empresas farmacêuticas a se importar, já que tudo que fazem é ficar empurrando essas drogas; nem os médicos que foram coagidos pela indústria farmacêutica e que estão colocando pais em pânico para que usem em seus filhos. O aumento no uso de anti-psicóticos está diretamente ligado ao aumento da incidência de um determinado diagnóstico, o transtorno bipolar. Especialistas estimam que o número de crianças com este diagnóstico está agora mais de um milhão e está crescendo, tornando-se mais comum em quadros de autismo e diabetes combinados. Para tratá-la, os médicos estão a administrar medicamentos que ainda têm de ser aprovados para as crianças. As mães são legalmente "autorizadas" a medicar suas crianças de dois anos com Risperdal-Risperidona (¹) para acalmar seus acessos de raiva, Trileptal-Oxcarbazepina (²) para estabilizar os seus humores, e clonidina -Atensina (³) para ajudá-los a dormir.

Esta não é a "velha história" sobre DDA ou TDAH e o uso de Ritalina ou outras drogas aprovadas e em uso desde a década de 1970. Não se trata de "ajudar" a criança agitada e que não consegue se concentrar em sua sala de aula na escola primária. (Ainda pior!*)Trata-se de dezenas de milhares de crianças de 3 e 4 anos, cheias de energia, com pique, saudáveis e normais e que só param quietas e vão sentar-se para assistir Mommy and Me.(¹) Trata-se daquelas crianças que já foram diagnosticadas com um novo e controverso diagnóstico: o Transtorno Bipolar na Infância.

Em 04 de setembro de 2007, The New York Times afirmou que os estudos nos anos 1970 e 80, concluíram que transtorno bipolar era raro em crianças, mas entre 1994 a 2003, houve um surpreendente aumento de 40 vezes no número de crianças diagnosticadas com transtorno bipolar!

Em um episódio de 2007 "60 Minutes", Katie Couric focou seu programa relatando sobre a curta vida de 4 anos de idade, da menina Rebecca Riley de Hull.   Diagnosticada com transtorno bipolar na idade de 28 meses, ela estava morta um ano depois de uma overdose de um coquetel de drogas psicotrópicas. 

Em um momento do episódio, Couric pede à mãe de Rebecca (que foi acusada de assassinato de sua filha) se ela achava que o comportamento de sua filha poderia ter sido normal. Que, na verdade, talvez Rebecca só estivesse exibindo um comportamento dos chamados "Comportamento dos Terríveis Dois Anos"... (²)
Em 19 de novembro de 2008, o New York Times informou que 31 crianças que foram diagnosticadas com Transtorno Bipolar Infantil e que receberam o medicamento Risperdal para birras morreram e 1.176 sofreram efeitos secundários graves.

Médico investigado 
Dr. Joseph Biederman, um proeminente psiquiatra infantil em Harvard, no Massachusetts General Hospital, e sua equipe são mais responsáveis ​​do que qualquer um por uma epidemia bipolar infantil varrendo a América (como nenhum outro país) em crianças de 2 anos, usando três a quatro drogas psiquiátricas. 
Biederman está sendo investigado por Iowa senador de Iowa, Charles Grassley, por não declarar mais de US $ 1 milhão de dólares por pagamentos recebidos de empresas farmacêuticas.
Em um artigo de 2008, o  Pediatra Dr. Lawrence Diller afirma: "A ciência de medicamentos psiquiátricos para crianças é tão insidiosa e a influência de Biederman é tão grande que basta ele mencionar apenas uma droga durante uma apresentação, que dezenas de milhares de crianças dentro de um ano ou dois vão acabar tomando essa droga ou combinação de drogas. A decisão baseia-se no marketing boca a boca entre os 7.000 psiquiatras infantis na América ."
A questão-chave é o uso indevido de rótulos diagnósticos psiquiátricos para explicar o mau comportamento em crianças. Isso resultou em drogar crianças pequenas a um grau sem precedentes na nossa história. Diagnosticar crianças de 2 anos de idade como bipolar, por exigir delas padrões adultos, é uma loucura.
O comportamento de uma crianças com 2 anos de idade é inquieto, a criança está cheia de curiosidade sobre tudo e qualquer coisa. A criança tem labilidade extraordinária em termos de emoções e cognições. Elas podem ficar muito aborrecidas, muito rapidamente, muito irritadas, muito deprimidas, porque suas emoções são tão fluidas, típico da idade. 
Crescer não é uma condição. Infância não é uma doença. 
As crianças agem e desafiam a autoridade e elas precisam de adultos para ensiná-las a lidar com sentimentos difíceis e lidar com a decepção de forma adequada.
Existem maneiras para os pais fazer isso, que são bastante eficazes e não envolvem drogas, mas estas maneiras exigem que os pais sejam os educadores e criar parcerias com os professores da escolinha. Nossas crianças pré-escolares são muito jovens para se defender. Cabe aos pais  dizer não às drogas e ensinar a seus filhos que a vida é para ser aprendida e experimentada, não apenas se limitar a engolir uma pílula. 

Os dois anos
Aos dois anos, a criança torna-se, pela primeira vez, auto-consciente e exerce a sua independência dizendo "não" e "você não manda em mim"! E quando essa independência é restrita, a criança descobre que com uma birra pode - provavelmente - conseguir o que quer.  Agora, porém, isto está sendo visto como primeiros sinais de transtorno mental! Na realidade, este comportamento precisa ser visto pelos pais e demais cuidadores como o resultado de uma tentativa saudável da criança, um esforço dela para ser mais adulta e independente, que não precisa de medicação.
Tais comportamentos são raramente o resultado de problemas de química do sangue. Os pais devem vê-los como um esforço saudável para a independência necessária. O desempenho do pai não é alimentar estes comportamentos negativosda criança e, sim, conversar muito, usar a "terapia da conversa", para ir ensinando a seu filho o que realmente significa ser adulto. Um adulto é cuidar, saber lidar com a decepção com calma, em oposição a ter acessos de raiva, e um adulto tem auto-controle, não bate, não morde (nem se morde), nem joga coisas com raiva. Exemplo e conversa.
Comportamentos indesejáveis
Muitos dos livros de educação infantil mais populares recomendam aos pais para manter-se firmes, acalmar, dar conforto e conversar com a criança que morde, grita, joga, quebra coisas, ou que se comporta de outras maneiras desagradáveis, infantis. 


O senso comum e um caminhão de pesquisa argumentam solidamente o uso destas práticas de aconselhamento, recomendações e exemplo dos adultos. No entanto, muitos especialistas parecem não ter conhecimento do fato bem estabelecido que o que a criança na verdade quer é ser notada e isto pode ser obtido sem comportamentos desagradáveis. Entretanto, como este equilíbrio no adulto deixa a desejar, o resultado acaba sendo um diagnóstico e, em seguida, muitas vezes, pílulas. A mais terrível das decisões.
Crianças precisam de pais, e não pílulas. Os pais precisam de novas ferramentas parentais. Temos que voltar a amar nossos filhos, mesmo que estejam a se comportar mal. Pílulas não podem ser vistos como  "consertos" rápidos, pois, embora estejam se tornando o caminho mais fácil, a quantidade de danos psíquicos, e a duração destes, são incalculáveis. 


Jacob Azerrad, Ph.D. é um psicólogo clínico, na prática privada em Lexington, Massachusetts. Ele é o autor de "De Difícil a Delicioso em apenas 30 dias" (McGraw Hill) e "Qualquer um pode ter uma criança feliz" (Warner Books).


*(observação da tradutora)
 (¹) Risperidona - Risperdal - é um neuroléptico - antipsicótico - Risperidona foi aprovada para tratamento de casos psicóticos em pacientes esquizofrênicos ou do espectro bipolar... Todo o demais é uso off label (fora do que foi aprovado pelos órgãos reguladores, isto é, não há pesquisas suficientes para comprovar a eficácia)... largamente usado no Brasil para agressividade, impulsividade, hiperatividade, tdah, asperger, autismo (inclusive em crianças com 2 anos de idade)!
(²) Trileptal - Oxcarbazepina – antiepiléptico, anticonvulsivante - não liberado pela ANVISA para tratamento de déficit de atenção
(³) Clonidina - Clonidin - Atensina – antidepressivo tricíclico - Derivado da imidazolina
(4) Mommy and Me - Mamãe e Eu - seriado TV
(5) Terrible Two's behavior - Comportamento dos Terríveis Dois Anos"... ( expressão bastante usual em inglês para explicar os comportamentos, especialmente de contestação, porque todas as crianças passam)

Texto original, completo: 
http://www.metrowestdailynews.com/x1602634540/Azerrad-Drugging-pre-school-children-A-crime-against-childhood 

Video: https://www.youtube.com/watch?v=BVaRi2RXDcsideo: https://www.youtube.com/watch?v=BVaRi2RXDcs

Link deste artigo: 
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/12/drogar-criancas-em-idade-pre-escolar-um.html

Sobre risperidona



Também pode ocorrer pelo uso de antidepressivos, tais como a fluoxetina (Prozac) e bupropion (Wellbutrin), bem como olanzapina (Zyprexa), outro antipsicótico

Indicado para tratar agressividade, impulsividade, hiperatividade, tdah, asperger e autismo, Risperidona é largamente usada no Brasil, sendo distribuída também gratuitamente pela rede pública (SUS). Seus efeitos colaterais nem sempre são esclarecidos aos pais. Em muitos países os processos se amontoam. Um rapaz nos EUA foi o primeiro a ser indenizado, por gynecomastia. Os casos onde as vítimas jovens passam por priapismo, ginecomastia, leukoderma e outros, muitas vezes definitivos, não são publicados no Brasil. No mínimo, não são facilmente encontrados pelo cidadão.
http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2015/09/priaprismo-disfuncao-eretil-em-garoto.html




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